Os intérpretes transpõem um discurso oral emitido numa língua para outra língua e funcionam como elo de ligação entre pessoas que comunicam verbalmente entre si em idiomas diferentes. As principais modalidades de interpretação existentes são a interpretação de acompanhamento, a interpretação judicial e a interpretação de conferência. O intérprete de acompanhamento é o profissional que, acompanhando determinada pessoa, interpreta em ambos os sentidos os diálogos que esta estabelece com interlocutores que comunicam numa outra língua. A interpretação judicial, por seu lado, é a interpretação que é realizada no âmbito de um julgamento e a interpretação de conferência é a que tem lugar em reuniões multilíngues formais, designadamente congressos, seminários, conferências, mesas-redondas, encontros ou jornadas.

Os intérpretes de conferência recorrem a dois métodos de trabalho distintos, consoante o tipo de reunião: a interpretação consecutiva e a interpretação simultânea. A interpretação consecutiva é o método mais adequado para as conversações que envolvem um número reduzido de idiomas e de participantes, tais como pequenas reuniões técnicas entre especialistas. Nestes casos, o intérprete de conferência encontra-se junto do orador, ouvindo a sua intervenção e tirando apontamentos; em seguida, interpreta integralmente numa outra língua o discurso ocorrido, como se este fosse seu (isto é, na primeira pessoa do singular). O modo simultâneo, por seu lado, é o método mais adequado para encontros que envolvem um largo número de participantes, garantindo a transposição quase imediata dos discursos orais. No modo simultâneo, a equipa de intérpretes instala-se em cabinas (existem sempre, pelo menos, dois intérpretes por cada cabina), junto de um microfone e com auscultadores, e ouve as intervenções faladas numa determinada língua, transmitindo-as em outras línguas, ao ritmo a que são proferidas, para os ouvintes na sala. A interpretação simultânea permite que os participantes num dado encontro multilíngue possam ouvir e falar a sua própria língua durante toda a reunião.

Quer os tradutores quer os intérpretes necessitam de conhecer profundamente as línguas com as quais trabalham, principalmente a sua própria língua. Conhecer a cultura dos países onde essas línguas são faladas é também indispensável, nomeadamente no que se refere à sua actualidade política, económica e social. É-lhes exigido, ainda, o respeito pelo sentido, estilo e espírito do que traduzem ou interpretam. Os manuais técnicos, por exemplo, exigem ao tradutor o domínio aprofundado de termos e expressões técnicas, sob pena de induzir em erro quem os lê. A tradução de um poema requer um conhecimento profundo do seu autor, das respectivas obras e da sua cultura: a linguagem poética baseia-se muito em imagens e metáforas e o tradutor tem que saber reproduzi-las de forma perceptível e, simultaneamente, manter as suas características literárias.

Os intérpretes, por seu lado, devem ter uma certa espontaneidade de expressão, dado que a linguagem oral é, normalmente, mais informal que a escrita. Assim, é-lhes necessário conhecer expressões quotidianas e de gíria existentes nos idiomas que dominam e que grande parte das pessoas utiliza quando fala. Devem ter, ainda, uma grande capacidade de concentração e de memória, treino auditivo e rápida compreensão dos discursos orais, de forma a não perderem nenhuma informação: nas conferências, por exemplo, a maioria das pessoas não se lembra que as suas intervenções estão a ser interpretadas, falando muito rapidamente (sobretudo se estiverem a ler). Como agravante, os intérpretes nunca têm a hipótese de voltar a ouvir o que foi dito. É essencial, por isso, que também tenham excelentes faculdades de análise e de síntese, de forma a que, preservando a continuidade e o sentido dos discursos orais, consigam manter o ritmo da intervenção, sem perder informação.

Nos últimos anos, a inovação tecnológica tem trazido algumas modificações ao desempenho destes profissionais. Os tradutores, por exemplo, viram as suas tarefas facilitadas com a ajuda do computador: Graças a ele, é-lhes possível trabalhar o texto com mais facilidade e podem instalar software de apoio à sua actividade, como programas informáticos de tradução, dicionários electrónicos e bases de dados terminológicas. Este tipo de software é bastante útil nas traduções de textos que utilizam expressões muito técnicas e cujas terminologias não são muito familiares ao tradutor. O Serviço de Tradução da Comissão Europeia, por exemplo, é um grande utilizador de ferramentas informáticas linguísticas para a tradução assistida por computador. As ferramentas que usa vão desde a tradução automática até aos dicionários terminológicos, passando pelos sistemas de memórias de tradução, os quais gerem uma base de dados de frases traduzidas anteriormente. O desenvolvimento informático levou também ao aparecimento de software específico para a tradução e marcação de legendas, permitindo que estas duas tarefas possam ser realizadas simultaneamente.








Traduções

Natureza do Trabalho


Os tradutores e os intérpretes são os profissionais responsáveis pela transposição de textos ou discursos de uma língua para outra, permitindo que pessoas que escrevem e falam em línguas diferentes possam comunicar entre si. Apesar da maioria das pessoas julgar que ambos traduzem, na realidade não é isso que acontece: em regra, enquanto o tradutor traduz textos escritos, o intérprete interpreta discursos orais.


Os tradutores são os profissionais que traduzem textos de revistas, livros e documentos de diferentes géneros, sejam estes de natureza literária, técnica ou científica. Para tal, lêem e estudam o texto original, apreendem o seu sentido geral e, em seguida, procedem à sua tradução, procurando respeitar com a máxima fidelidade possível as ideias e o pensamento nele presentes e aplicando a terminologia mais correcta. Estes profissionais fazem também a tradução de legendas de filmes, de peças de teatro, de desenhos animados e de programas audiovisuais, para que estes possam ser sonorizados, dobrados ou legendados. Os tradutores que se dedicam à legendagem de audiovisuais são também designados de marcadores de legendas.


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